quinta-feira, 24 de setembro de 2020

CONHECENDO A VERDADE

Há três formas de saber se determinada afirmação representa uma verdade: experiência própria, uso da lógica ou o depoimento de terceiros. E usamos essas diferentes formas de avaliação automaticamente, quase sem nem perceber bem o que estamos fazendo.
A primeira alternativa é a mais usada e também a mais simples. Trata-se de saber que algo é verdade pela própria experiência. Por exemplo, sei que não choveu hoje de manhã porque não caiu água do céu em momento nenhum. E o chão não estava molhado. Sei o que vi e isso me garante que determinada coisa aconteceu ou existe.

A segunda alternativa é usar a lógica. As pessoas sabem intuitivamente que há relações entre as coisas que acontecem e usam tal conhecimento para avaliar a verdade das afirmações. Por exemplo, se estou num quarto escuro, sem acesso ao exterior, e ouço o barulho de trovões, sei que também existem raios caindo. Afinal, trovões são os barulhos gerados pelos raios - uma coisa sempre anda junto com a outra. Deduzo logicamente que há raios porque ouvi os trovões.

A terceira alternativa de saber que alguma coisa é verdadeira usa o depoimento de terceiros. Por exemplo, leio um artigo de jornal onde é citado um estudo científico falando que determinado alimento dá câncer. Aceito isso como verdade e deixo de comer o tal alimento. É por causa disso que você sabe que a famosa equação de Einstein (E= mc²) reflete uma verdade científica - contaram isso para você. E eram pessoas que tinham credibilidade (como professores ou cientistas importantes).

As pessoas tendem a acreditar naquilo que ouvem de terceiros caso acreditem na credibilidade de quem está afirmando determinada coisa. Por exemplo, os filhos se acostumam a aceitar as verdades ensinadas pelos pais. Mas, quando crescem, muitas vezes os amigos passam as ser fontes mais "confiáveis" que os pais, ou então, os professores, os seus líderes, etc.

Quando um artista conhecido recomenda um produto na televisão, num comercial, ele está tentando transferir a credibilidade que acumulou ao longo da sua carreira para convencer os telespectadores a comprar o produto. O artista, de certa forma, "vende" a credibilidade que tem. E é pela mesma razão que ninguém mais acredita em promessa de político - eles não têm mais credibilidade. 

Conhecendo as verdades sobre Deus
É de maneira similar à que descrevi que as pessoas acabam por conhecer as verdades sobre Deus (quem Ele é, como atua, o que deseja de nós, etc).

Primeiro, elas podem conhecer essas verdades com base na sua própria experiência, da vivência da ação dele nas suas vidas, através da oração, do louvor e/ou do envolvimento direto em milagres.

A Bíblia está cheia de relatos de experiências com Deus que mudaram as vidas das pessoas. Por exemplo, Paulo vinha pela estrada de Jerusalém para Damasco, onde iria liderar a perseguição aos cristãos. No caminho, teve uma experiência pessoal (uma visão) com Jesus que mudou sua vida (Atos dos Apóstolos capítulo 9, versículos 1 a 9). Ninguém precisou contar a Paulo sobre Jesus, ele experimentou diretamente esse contacto.

A segunda forma é a lógica que permite à pessoa tirar conclusões sobre quem Deus é e como atua com base nas evidências disponíveis - esse é o domínio da teologia. Por exemplo, quando a pessoa olha para o universo e percebe a complexidade daquilo que existe e a organização das coisas, e percebe que precisa existir uma grande inteligência e poder por trás de tudo.

Finalmente, existe ainda o testemunho de terceiros. O testemunho mais importante que podemos ter sobre Deus é a própria Bíblia, a Palavra dele. Mas, para que as pessoas aceitem o testemunho da Bíblia, é preciso que ela tenha credibilidade e é por isso que os contrários ao cristianismo procuram destruir o alto conceito que a Bíblia tem dentro da sociedade humana.

E as pessoas também podem aprender verdades sobre Deus através do depoimento de quem já experimentou de perto sua presença, desde que as testemunhas tenham credibilidade.

Problemas para conhecer a verdade
Alguns problemas podem surgir quando as pessoas tentam conhecer verdades sobre Deus. E esses problemas têm a ver com o mau uso das formas de conhecer a verdade que acabei de descrever.

O primeiro tipo de problema é o excesso de ênfase nas experiências pessoais. Isso é muito comum nas igrejas de corte pentecostal e carismático, onde há menos preocupação com o estudo da teologia e maior ênfase na experiência de cada pessoa com o Espírito Santo.  Muita gente pensa que o Espírito Santo vai lhes revelar diretamente aquilo que precisam conhecer e nada mais será preciso.

Por causa disso as pessoas acabam acumulando um conhecimento muito "raso" do cristianismo e aceitam doutrinas que não deveriam incorporar às suas vidas. E aí há o grande risco de passar a abrigar doutrinas estranhas. Por exemplo, tempos atrás uma pessoa me escrevi aqui no site dizendo que ouvira de sua pastora que Jesus só responde em oração quando a pessoa se dirige a Ele pelo nome correto dele em hebraico (Yeshua e Yehoshua). Ora, esse não é um ensinamento que exista na Bíblia e é, portanto, um erro, mas a tal pastora relatou para seus liderados que sua experiência pessoal garantia isso (veja mais). 

O segundo tipo de problema aparece quando há excessiva ênfase nos ensinamentos teológicos. Quando a teoria domina o pensamento e prescinde da experiência prática. Em outras palavras, quando a mente controla tudo e a prática da fé - a experiência com o Espírito Santo - deixa de ter qualquer peso. Religião fica fria e intelectualizada demais e isso leva a uma fé sem vida. Por exemplo, assim agiam os fariseus no tempo de Jesus, grandes estudiosos da Bíblia (naquela época limitado ao Antigo Testamento) mas completamente frios na aplicação prática daquilo que sabiam.

O terceiro tipo de problema vem da excessiva ênfase no testemunho de terceiros. Por exemplo, alguns pastores ditos "iluminados" que fazem afirmações absurdas de púlpito, nas quais o povo acredita pois esses pastores gozam de grande credibilidade. Por exemplo, muitos anos atrás assisti um pastor dizer numa pregação de domingo de carnaval que não haveria desfile de escolas de samba no Rio de Janeiro naquele ano, pois isso lhe tinha sido revelado pelo Espírito Santo. E foi aplaudido freneticamente pelo público. E o desfile aconteceu normalmente e ninguém cobrou do pastor aquela "profetada".

Concluindo, uma vida cristã saudável deve incluir as três formas de validação da verdade - a experiência direta com Deus, o uso lógico de doutrina sólida e o testemunho de terceiros da própria Bíblia e de quem tenha credibilidade. Todas essas formas de busca da verdade são válidas e importantes. E elas precisam ser usadas de forma equilibrada, complementando-se entre si e seno checadas uma pelas outras.

Com carinho

terça-feira, 22 de setembro de 2020

O SOAR DAS TROMBETAS

A trombeta ("shofar", em hebraico) foi muito importante na história de Israel e ainda haverá de ter papel significativo nos eventos futuros.

As trombetas podiam ser feitas dos mais diferentes materiais e assumir as formas mais diversas. A Bíblia se refere a trombetas de prata, usadas apenas pelos sacerdotes (Números capítulo 10, versículo 2). As mais comuns eram feitas de chifres de carneiro (Josué capítulo 6, versículo 8), parecidas com os berrantes tão conhecidos no interior do Brasil. Hoje é comum que as igrejas evangélicas usarem trombetas desse tipo como parte da sua decoração.

As trombetas eram usadas para dar avisos das mais diversas naturezas para o povo. Podiam ser tocadas por sacerdotes, vigias ou outras pessoas que tivessem esse encargo.  Por exemplo, as trombetas soaram para:

  • Chamar Moisés ao topo do monte Sinai para receber os Dez Mandamentos (Êxodo capítulo 19, versículos 19 e 20).
  • Convocar o povo para a guerra (Juízes capítulo 3, versículo 27).
  • Avisar o povo que havia perigo iminente, como a aproximação de um inimigo (Amós capítulo 3 versículo 6).
  • Convocar o povo para participar de festas religiosas (Levítico capítulo 25, versículo 9), como o dia do Perdão ou a Páscoa.
  • Avisar o povo sobre a coroação de novo rei (1 Reis capítulo 1, versículo 34).
  • Alertar que Deus ia falar, como registrado logo no início do Apocalipse (veja mais), que registra a visão do Cristo glorirficado que o apóstolo João teve.

Mas, as trombetas também vão tocar no final dos tempos, marcando acontecimentos fundamentais para a história humana - sete trombetas sucessivas irão anunciar esses acontecimentos (Apocalipse capítulo 8, versículo 2).

Outros chamados de trombetas vão ocorrer, ainda com relação ao final dos tempos, para:

  • Reunir o povo de Israel disperso pelo mundo, fazendo todos voltarem para Jerusalém, onde irão adorar a Deus (Isaías capítulo 27, versículo 3).
  • Indicar o arrebatamento dos salvos: "... nem  todos dormiremos,    mas    transformados  seremos  todos,  num  momento,  num  abrir  e  fechar  de olhos,  ao  ressoar  da última trombeta. A trombeta soará,  os  mortos  ressuscitarão  incorruptíveis,  e nós  seremos  transformados..."  (1  Coríntios capítulo 15, versículos 50 a 55
  • Marcar o retorno de Jesus (Zacarias capítulo 9, versículo 14).

Com carinho

domingo, 20 de setembro de 2020

DESCOBERTA QUE CONFIRMA A BÍBLIA

Talvez você não saiba mas há vários achados arqueológicas que confirmam a Bíblia. E uma descoberta, em particular, é impressionante. Algumas décadas atrás foram achados foram encontrados os ossos de um importante personagem citado no Novo Testamento, homem que viveu cerca de dois mil anos atrás!

Em novembro de 1990, estava sendo feita uma escavação na região que fica ao sul da esplanada do Templo, em Jerusalém, a região elevada onde ficava o Templo da época de Jesus. Hoje existem nessa esplanada uma mesquita e um monumento, o Domo da Rocha, ambos sagrados para os muçulmanos.

O trator que estava sendo usado na escavação afundou um pouco no terreno e, imediatamente, foram chamados os arqueólogos de plantão. E esses especialistas encontraram em um buraco no chão dez ossuários, caixas de pedra usadas para colocar ossos de pessoas mortas.

Os arqueólogos perceberam imediatamente que se tratavam de ossuários datados do século primeiro da época cristã - lembre-se que Jesus foi morto entre os anos 30 e 33 desse mesmo século primeiro.

Os ossários eram usados porque, já na época de Jesus, os espaços disponíveis para enterrar pessoas na região da esplanada do Templo tinham ficado escassos. Aí os judeus começaram a enterrar os mortos em locais provisórios, para depois remover os ossos e colocá-los em ossuários, que ocupavam muito menos espaço. Se Jesus não tivesse ressuscitado, é isso que teria sido feito com seus ossos.

Um dos ossuários encontrado chamou a atenção por ser muito bonito e muito adornado com rosáceas. Veja as imagens desse ossuário abaixo:

Examinando de perto o ossuário, os arqueólogos encontraram uma inscrição contendo o nome da pessoa cujos ossos estavam ali: "José filho de Caifás".  - veja a inscrição abaixo.

Os ossos pertenciam a um homem de cerca de 75 anos e os exames com carbono 14 indicaram que a pessoa viveu no primeiro século da época cristã.

Ora, a Bíblia conta que o sumo-sacerdote líder do julgamento de Jesus (Mateus capítulo 26, versículos 57 a 68 e João capítulo 18, versículos 19 a 27) era chamado Caifás. Em registros fora da Bíblia esse mesmo homem é referido como "José chamado de Caifás", ou seja, "Caifás" era um nome dado à família daquele sumo-sacerdote. Esse ossuário está hoje num Museu em Israel e pode ser visto por qualquer um.

Caifás foi uma figura histórica exatamente como a Bíblia relata. E o texto bíblico é mais uma vez confirmado.

Com carinho

sexta-feira, 18 de setembro de 2020

DOIS TIPOS DE CRISTÃO

Há dois tipos de cristão: "árvore"e "cano". Mas, o que será que isso tem a ver com você? Eu me explico.

Árvores e canos têm algo em comum: Ambos são muito bons condutores de água. Canos são produtos feitos especialmente para conduzir líquidos em geral. Já as árvores buscam a água no solo, através das suas raízes, e depois a levam (na forma de seiva) para alimentar toda a planta.

Mas, árvores e canos também guardam uma grande diferença: O que a passagem da água faz com eles. Canos não são modificados pela passagem da água (exceto, talvez, por alguns resíduos que podem ficar acumulados). Já as árvores usam a água viver. Canos simplesmente transportam a água de um lugar para outro, ao longo de toda a sua vida útil, mas as árvores são transformadas pela água.

Você é "árvore" ou "cano"?

"... Se alguém tem sede venha a mim e beba. Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva."  João 7:37 e 38

Jesus ensinou que Ele é a fonte de "água viva" que nunca cessa de jorrar. Mas, como você lida com essa "água viva"?

Se a "água viva" passa por você e praticamente não traz nenhuma mudança, exceto, talvez, alguns "resíduos" de doutrina cristã, você é um cristão do tipo "cano". Em outras palavras, sua vida em nada é modificada pela fé em Jesus.

Mas, se você é um cristão do tipo "árvore", a "água viva" vai fazer seu espírito crescer, frutificar e gerar sementes, que poderão dar origem a novas "árvores". Sua vida será modificada para sempre e você nunca mais poderá viver sem essa "água".

Então, qual, dentre esses tipos de cristão ou cristã, você é?

Com carinho

quarta-feira, 16 de setembro de 2020

RELATOS DIFERENTES

Uma verdade bem conhecida é que relatos de diferentes pessoas a respeito de um mesmo fato tendem a divergir, nos detalhes. Tanto isso é verdade, que, quando duas testemunhas contam exatamente os mesmos detalhes sobre os fatos, fica a desconfiança de ter havido combinação prévia dos depoimentos.
Isso ocorre porque pessoas diferentes observam o mesmo fato de maneira distinta. E há várias razões para que os testemunhos sejam diferentes entre si e vou apresentar apenas duas dessas razões, embora haja outras.

Primeiro, as testemunhas provavelmente estavam em lugares diferentes quando presenciaram o fato aconteceu. E assim não viram exatamente a mesma coisa. Por exemplo, uma arma pode ter ficado visível para uma testemunha e invisível para a outra.  Uma das testemunhas, por estar mais próxima, pode ter ouvido algo que a outra não conseguiu ouvir. E assim por diante.

A segunda razão é que as duas testemunhas usam diferentes "lentes" - convicções religiosas e políticas, experiências anteriores, etc - para ver as coisas e chegar a uma conclusão sobre o que viram. E não há como evitar isso.

Por exemplo, imagine que o fato presenciado fosse uma suposta agressão de um marido à sua mulher. E que uma das testemunhas soubesse que o homem já tinha agredido sua esposa antes. Quando essa pessoa presenciar o que parece ter sido uma agressão, ela vai "preencher" automaticamente na sua mente os eventuais vazios (coisas que não viu de fato) de acordo com suas impressões anteriores. E poderá acabar se convencendo ter visto mesmo uma agressão violenta do marido. Já outra testemunha, que não conhecesse o casal, poderá perceber as coisas de forma bem diferente.

Falo tudo isso porque os quatro Evangelhos da Bíblia - Mateus, Marcos, Lucas e João - dão testemunhos diferentes dos eventos sobre a vida de Jesus. E seria mesmo de se esperar que os quatro relatos não fossem iguais nos seus detalhes, caso contrário seria de desconfiar.

O nascimento de Jesus, por exemplo, é relatado apenas por Mateus e Lucas. O primeiro foi um apóstolo, enquanto o segundo foi companheiro de Pedro e Paulo. E os dois autores certamente se basearam em fontes de informação (testemunhas) diferentes.

A "lente" para o relato de Mateus foi o ponto de vista de José, pai adotivo do nosso salvador. A genealogia que aparece em Mateus mostra como Jesus era descendente de Davi, através de José, por ser essa a  genealogia que os demais judeus iriam usar na prática. A genealogia por José era genealogia oficial, digamos assim.

Mateus (ver capítulos 1 e 2 desse Evangelho) não dá muitos detalhes sobre o que aconteceu. Cita apenas a concepção de Maria pelo Espírito Santo, a visita dos magos, a matança das crianças por Herodes, a fuga para o Egito e o retorno a Nazaré (local de origem da família).

O grosso das informações que temos sobre o nascimento de Jesus - o bebê na manjedoura, a aparição de anjos e a visita dos pastores - está no relato de Lucas (ver capítulos 1 e 2 desse Evangelho). E Lucas apresenta o ponto de vista de Maria e, não por acaso, traz detalhes sobre ela. Como a visita, já grávida, a sua prima Isabel, futura mãe de João Batista. Em Lucas está também a genealogia de Jesus pelo lado de Maria, que também passa por Davi. E essa é, digamos assim, sua genealogia genética.

É claro que a totalidade dos fatos que ocorreram no nascimento de Jesus é resultado da soma dos relatos de Mateus e Lucas, mais as muitas informações que ficaram de fora desses relatos por limitação de espaço e/ou por serem detalhes desconhecidos pelas testemunhas que  informaram Mateus e Lucas.

É importante que você tenha essas coisas em mente quando ler os Evangelhos e, principalmente, quando ouvir por aí que a Bíblia é cheia de contradições, o que não é verdade.

Com carinho

segunda-feira, 14 de setembro de 2020

COMIDA ENVENENADA

 O tema de hoje é comida envenenada. E isso tem a haver com as chamadas fake news e outras informações inverídicas que circulam pelas redes sociais.

A Internet trouxe muitas coisas boas para nossa civilização, mas também muitas coisas ruins, como o fácil acesso a pornografia. E uma das piores contribuições da Internet e das redes sociais é a disseminação de informações falsas, como notícias, pensamentos, comentários, etc.

Outro dia recebi de um amigo uma mensagem “linda” atribuída a Nelson Mandela, pessoa que muito admiro por sua capacidade de perdoar e pacificar a África do Sul. A mensagem atribuída a Mandela dizia mais ou menos o seguinte: “O nosso maior medo não é o de sermos inadequados e sim o de sermos poderosos, acima de qualquer medida. É nossa luz e não nossa escuridão que mais nos amedronta... À medida que sejamos liberados do medo, nossa presença automaticamente libera os outros.”

Fui verificar a autenticidade do texto – esse é um lado bom da Internet - e acabei achando a verdadeira autora dessa citação: ele pertence a uma guru da autoajuda: Marianne Williamson. Ou seja, alguém pegou deliberadamente o texto dessa escritora e o “embalou” como se fosse de Nelson Mandela, para ganhar mais penetração e credibilidade.

O problema é que muitas pessoas de boa fé acreditam nessas mensagens falsas e as reproduzem sem verificar a autenticidade. E sem perceber que, ao circular esse tipo de coisa, atribuem a ela o “selo” da sua própria credibilidade. 

Tempos atrás, depois das inundações da região serrana do Rio de Janeiro, uma pessoa cristã, e bem intencionada, repassou, num blog de discussões do qual eu participava, um texto atribuído a uma autoridade sanitária internacional, dizendo que tinham morrido muito mais pessoas do que o governo estadual havia reconhecido e que haveria uma epidemia na região, por causa dos cadáveres insepultos. Seis meses depois, como nada disso tinha acontecido, cobrei no mesmo blog, a responsabilidade da pessoa que tinha divulgado o texto falso.

Ela se defendeu dizendo que foi um texto que tinha recebido de um corretor de imóveis, do seu conhecimento e simplesmente repassou. E não percebeu que, ao repassar um texto falso, sem o verificar, também tinha colaborado para o clima de pânico que se instalou na opinião pública naquela oportunidade. 

Pensamentos falsos atribuídos a Jesus causam ainda mais estrago pelo prestígio que Jesus goza junto à opinião pública. E, infelizmente, a Internet está cheia desse tipo de textos também. Aliás, o fenômeno de atribuir pensamentos falsos a Jesus e seus apóstolos não é novo. Nos primeiros cem anos de vida da igreja cristão, muitas pessoas escreveram Evangelhos e os atribuíram a Pedro, Maria Madalena, Tiago e outras pessoas de prestígio no meio cristão. Pura comida envenenada.

Esses textos são hoje conhecidos como Evangelhos Apócrifos. O mais recente e famoso deles é o tal Evangelho de Tiago, que muitos estudiosos chegam a atribuir a mesma importância que dão aos quatro evangelhos canônicos (Mateus, Marcos, Lucas e João).

Os relatos dos Evangelhos Apócrifos, tais como os textos falsos existentes sobre Jesus na Internet, têm as coisas mais absurdas. Por  exemplo, um deles fala sobre Jesus ainda criança fazendo milagres para punir outras crianças que tinham lançado ironias contra Ele.

Tome cuidado com mensagens que você receber, especialmente aquelas que dizem conter pensamentos de Jesus. Muitas vezes se trata de comida envenenada, que pode desviar você do caminho certo. E lembre-se que, se você repassá-los para alguém, sem verificar a autenticidade, está colaborando para espalhar uma ideia ruim e que pode causar mal a outras pessoas menos avisadas.

Se tiver dúvidas quanto ao conteúdo de uma mensagem, faça uma pesquisa na própria Internet para verificar sua autenticidade. Se não conseguir respostas claras, fale com seu pastor ou com alguém da sua igreja que conheça melhor a Bíblia do que você. Pode também escrever para mim, que eu responderei com prazer. Portanto, tome cuidado para não se deixar “envenenar” ou colaborar, sem perceber, para prejudicar os outros.

Com carinho

sábado, 12 de setembro de 2020

QUANDO ME SENTI ENVERGONHADO

Lembro bem do dia em que me senti envergonhado. Tudo começou quando minha igreja desenvolveu um projeto de apoio a um grupo de pessoas que vivia numa comunidade carente próxima. Esse grupo estava sob ameaça de desapropriação do terreno onde mantinham seus barracos.

O projeto incluía pequenos cultos nos lares dessas pessoas, para entender melhor suas necessidades, estreitar o relacionamento e fornecer apoio técnico (jurídico, psicológico e outros). Sem nunca esquecer de falar sobre Jesus, a coisa principal.

Certo dia, nos reunimos em uma das casas daquelas pessoas, que ficava a 10 minutos de caminhada da nossa igreja. Lá viviam três adultos, dois adolescentes e duas crianças, sem contar um bebê a caminho. E tudo isso num espaço de apenas 20 m². Não havia esgoto, as paredes eram de madeira compensada e a água entrava pelas frestas das paredes quando chovia.

Fiquei impressionado com a fé que encontramos ali. As pessoas criam sinceramente em Jesus. Oraram, cantaram conosco e ficaram com folhetos  para distribuir na comunidade, visando interessar outras pessoas na fé cristã.

Fiquei especialmente tocado por uma menina bonita e muito inteligente, que tinha cerca de 11 anos e vestia o uniforme da escola, provavelmente porque era a melhor roupa que tinha. Ficou perto de mim o tempo todo e pediu para não irmos embora, pois estava gostando da visita. Uma das irmãs dela  com apenas 17 anos, já tinha um filho e estava grávida de outro.

Quando cheguei em casa, rememorei tudo que tinha visto. Ocorreu-me logo que, se algo não fosse feito rapidamente por aquela menina, ela iria pelo mesmo caminho da irmã e acabaria sem qualquer perspectiva na vida, por ter uma penca de filhos.

Pensei também nas inúmeras vezes em que dei aula na Escola Dominical da minha igreja e falei do amor de Cristo, e depois fui para casa comer um almoço gostoso. E pessoas bastante carentes, que porventura tinham assistido à minha aula, voltaram para sua realidade triste, talvez se perguntado onde estava esse amor do qual eu havia falado.

Percebi como meus próprios problemas são pequenos, em relação à realidade daquelas pessoas, mas mesmo assim eles tomam quase todo o meu tempo e atenção. E me dei conta das inúmeras vezes em que me deixei vencer pelo comodismo e não ajudei os outros, quando poderia ter feito muito mais do que fiz.

Finalmente, recordei das palavras de Jesus, quando afirmou que, se déssemos até um copo de água para qualquer um dos pequeninos da vida, ou seja, aqueles desassistidos pela vida, estaríamos fazendo esse gesto para Ele.

Aí confesso que me emocionei muito e me senti envergonhado. Pela situação das pessoas que visitei e por perceber que fazia tão menos do que poderia. Foi isso que me fez sentir envergonhado. E me aprendi ali uma grande lição.

E convido você a fazer a mesma reflexão sobre sua vida.

Com carinho