quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

SEXO NO TELHADO DA IGREJA?

O pastor Ed Young e sua mulher anunciaram que vão passar 24 horas no telhado da sua igreja, que fica em Dallas, no Texas, para promover seu novo livro, intitulado  “Sexperiment” (algo como “Experimento em sexo”), conforme divulgou a revista Christianity Today, em 21/1/12. 

É claro que esse anúncio despertou interesse geral e jogou o livro para cima nas paradas de sucesso, demonstrando que a propaganda alcançou o efeito desejado. Resta ver se do ponto de vista da obra de Deus, o efeito também foi o esperado...

Essa iniciativa do pastor Young faz parte de um novo movimento no meio evangélico americano, que já está chegando ao Brasil, focado em incentivar e liberalizar o sexo para aqueles que são casados porque, para os apoiadores do movimento, não é possível ter uma vida plena e feliz sem sexo de muito boa qualidade. Hoje há até sites evangélicos de cunho erótico, que são incentivados pelos defensores dessa linha.

Entendo que discutir a questão do sexo de forma aberta e construtiva é algo absolutamente necessário. Afinal muitos casamentos sofrem por causa de problemas nesse setor. Mas acho que esse movimento é mais uma daquelas modas que algumas igrejas evangélicas gostam de lançar, buscando se diferenciar no meio cristão, com intuito de crescer e até aumentar o faturamento.

Mas o que mais me incomoda nesse tipo de situação é que a tentativa de chamar atenção – no caso o tal evento de 24 horas na cama no teto da igreja – acaba se tornando mais importante do que a mensagem em si. E ainda pior, esse tipo de promoção faz a mensagem cristã parecer pouco séria. 
 

E quando a ênfase maior da mensagem está na propaganda ou na forma como a mensagem é apresentada – a roupa do pregador, o seu gestual, o cenário, a música de fundo, etc , as pessoas se distraem em relação ao que é mais importante, ou seja os ensinamentos bíblicos. 

Jesus durante seu ministério aqui foi extremamnete discreto, no que foi seguido por todos os apóstolos. Ele nada fazia para chamar atenção, muito pelo contrário - frequentemente Ele até pedia àqueles que recebiam milagres que nada dissessem para as outras pessoas.  O importante era a sua mensagem e não a sua pessoa.
 

Repito, acho muito importante falar de sexo e de forma aberta, mas esse é assunto para ser tratado da forma discreta, respeitando a sensibilidade das mais diferentes pessoas. O melhor ambiente é o de uma classe de estudos bíblicos ou um gabinete pastoral, jamais um evento público, no teto de uma igreja, com a presença de todo tipo de mídia.
 

Outro aspecto que me deixa desconfortável é a mensagem do tal "movimento do sexo cristão". Há nela uma contradição clara, não para os casais em si, mas para outro grupo dentro das igrejas, os jovens solteiros. A mensagem a que nos referimos - a vida sem sexo não pode ser plena nem feliz- de uma forma ou de outra vai acabar chegando aos jovens, pois não há como estabelecer uma barreira e permitir apenas aos casais ter acesso a ela.  

E a contradição está em que, por um lado, essas igrejas defendem a  abstinência de sexo antes do casamento e, por outro, divulgam uam mensagem que sem sexo não há como ser plenamente feliz. 

Ora é muito difícil para os jovens hoje se manterem sem sexo. Os meios de comunicação só fazem incentivar o uso do sexo - basta ver o tal Big Brother Brasil. Mas, se além dessa pressão externa, os jovens encontrarem textos cristãos dizendo que sem sexo não há como ter vida plena e feliz, visitarem sites eróticos evangélicos, e por aí vai, o que se pode esperar?

O apóstolo Paulo nos ensinou (ver Romanos capítulo 14, versículo 21), que os cristãos deveriam se abster de coisas que lhes fossem permitidas, por amor a outras pessoas, que poderiam se escandalizar com o seu comportamento. 

Não estou aqui defendendo que os casados se abstenham de discutir suas questões abertamente, por causa dos solteiros, o que seria absurdo, mas sim que levem em conta a sensibilidade e a repercussão sobre os solteiros das suas iniciativas. Afinal os solteiros também vivem seus desafios próprios para levar uma vida cristã adequada. 

E o tal "movimento do sexo cristão" não vem fazendo isso e certamente irá colher resultados amargos.


Com carinho
Vinicius