domingo, 27 de maio de 2012

O JULGAMENTO DOS 92%



Pesquisa recente feita nos Estados Unidos trouxe uma informação aterradora: 92% dos bebês portadores de síndrome de Down são abortados, quando os pais descobrem a doença. Por conta disso, algumas igrejas fizeram uma campanha baseada no cartaz abaixo: a imagem é de uma linda criança com Down e o texto diz "eu sou um dos 8%".






Confesso que chorei por dentro quando vi esse material, ao pensar no desperdício de vidas e na dureza dos corações de 92% desses pais. Mas aí me lembrei da frase de Jesus, que abre este post. Nela, Ele nos adverte para não julgar o próximo com dureza e olhar antes para nossos próprios defeitos.

Fiquei imaginando então o que eu teria feito, lá por volta dos meus trinta anos, se tivesse recebido a notícia de que iria ter um filho portador de uma necessidade especial. Teria recebido bem essa criança? Como eu nasci num meio cristão, gostaria de acreditar que não teria pensado em aborto. Mas, no fundo, bem lá no fundo, eu não tenho essa certeza.

Eu me julgava importante, poderoso, no sentido que até então somente tinha tido sucesso em tudo. E um filho portador de deficiência seria uma prova viva do meu “fracasso”, da minha pequenez. E não sei se eu teria conseguido suportar isso.
 


E ainda há a questão do comodismo: como eu reagiria ao pensar no trabalho contínuo, trabalho esse que não iria acabar nunca? Afinal, um filho especial não é um problema que se supera - ele estará ali presente, requerendo cuidados e atenção, por toda a vida. 

Deus foi bom comigo e me permitiu aprender que as coisas não são assim. E aprendi muito ao ter o privilégio de conviver com várias dessas pessoas, ditas especiais. Tenho podido ver como elas são mesmo especiais, mas num sentido muito mais amplo da palavra. A inocência presente nos olhos delas e o amor incondicional que são capazes de sentir, fazem sim delas pessoas diferenciadas e muito mais próximas de Deus.

Nas aulas de Escola Dominical que ministrei na igreja que frequento, sempre, ao final, eu corria a roda perguntando às pessoas por pedidos de oração, para que todos, juntos, pudéssemos orar por essas necessidades. 



Frequentemente, estava presente uma moça, portadora de necessidades especiais, porque a aula que ela assistia terminava mais cedo e ela vinha ficar junto a sua mãe, uma amiga querida. Ao chegar na vez dessa moça pedir algo, ela sempre dizia: “peço pelo papai”. E o amor que eu via nos olhos e no sorriso discreto daquela moça, era algo maior do que ela mesma. E tenho certeza que aquele pai nunca foi, nem será amado por ninguém, com tanta entrega, como por aquela filha.

Então, voltando à pesquisa que abriu esta reflexão, parece-me que falta aos 92% dos pais, àqueles que resolvem tirar das suas vidas as crianças com necessidades especiais, o conhecimento e a vivência do amor de Deus. E isso é algo que as pessoas precisam ser ensinadas a fazer.



Por isto, nós, cristãos, não podemos nos limitar a apontar o dedo acusador para esses 92%, porque temos temos parte de responsabilidade nessa tragédia. Afinal, cabe a nós refletir o amor de Deus neste mundo e espalhar a mensagem do Evangelho de Jesus, de forma que todos possam ouvir e entender. E, muitas vezes, temos ficado calados, na nossa zona de conforto, sem cumprir com nossa obrigação.

Com carinho

quarta-feira, 9 de maio de 2012

USA-ME SENHOR

Antes de ler o texto, acesse o seguinte endereço   youtube.com/watch?v=vpnmtnYVXPQ  e ouça música.


Hoje acordei com umas palavras na cabeça: usa-me, Senhor.  E junto vieram outras, de uma música da Aline Barros que tem exatamente esse tema: como um farol que brilha ao longe, como uma ponte sobre as águas, usa-me Senhor.
 

Isso é muito mais do que uma oração. É um compromisso com Deus. É trazer a luz de Jesus para aqueles que estão na escuridão, tomados por dúvidas, vícios e sofrimentos. É servir de ponte sobre as águas turbulentas desse mundo, permitindo que pessoas atravessem de um lado para outro, para fugir dos perigos e/ou para se encontrar com aqueles dos quais estão separados por desamor ou falta de perdão.
 

Será que Deus tem me usado? Ou ainda mais importante, será que ele vai me usar dessa forma no futuro?  

Depende de mim mesmo. Depende se tenho verdadeiramente me colocado à disposição da obra Dele. Se tenho ou não vivido uma vida correta, de acordo com os princípios estabelecidos por Ele. Se Ele pode confiar que não vou deixar as coisas pelo meio do caminho, por comodidade ou medo.
 

Senhor, sei que preciso receber de Ti as forças para isso. Ajuda-me na minha fraqueza: o meu espírito está pronto, mas minha carne é fraca, muito fraca. 

Ainda assim, usa-me. Não porque sou imprescindível - afinal o Senhor não precisa de nada ou de ninguém, muito menos de mim. Usa-me porque será um privilégio Te servir. Porque isso trará um novo sentido para a minha própria existência e assim, como diz a música, eu finalmente serei como uma flecha que atinge o alvo.
 

PS: Saudades do amigo Carlão, para quem essa mesma música falava muito ao coração.
 

Vinicius

sábado, 5 de maio de 2012

FILMES QUE TRATAM A FÉ COM SERIEDADE

O cinema, assim como a televisão, normalmente retrata as pessoas religiosas como intolerantes, excessivamente moralistas ou trapaceiras. Isso me incomoda muito pois a maioria dos cristãos sinceros que conheço não se enquadra em nenhuma dessas categorias. 

Mas há filmes de qualidade que, mesmo não concordando necessariamente com o ponto de vista cristão, tratam a fé sincera com dignidade e sensibilidade. 

Apresento abaixo uma lista de 15 filmes que têm essa qualidade e merecem ser vistos. Todos, com exceção de um, foram lançados no Brasil. Na lista eu dou o título em português - no caso do filme não lançado aqui, o título está em inglês mesmo -, o nome do diretor e o ano, para facilitar a referência. Os filmes são apresentadas na ordem cronológica do ano do seu lançamento. 

Os temas dos filmes são os mais variados e neles trabalham excelentes atores. Vários ganharam o Oscar de melhor filme. Acredito que eles irão proporcionar muito divertimento para você.

  • Os dez mandamentos (Cecil B. de Mille, 1956)
  • Ben Hur (William Wyler, 1959)
  • O homem que não vendeu sua alma (Fred Zinnemann, 1966) 
  • Irmão Sol, Irmã Lua (Franco Zeffirelli, 1972) 
  • Carruagens de fogo (Hugh Hudson, 1981) 
  • Amadeus (Milos Forman, 1984) 
  • A festa de Babette (Gabriel Axel, 1987) 
  • Terra das Sombras (Richard Attenborough, 1993) 
  • Os últimos passos de um homem (Tim Robbins, 1995) 
  • O apóstolo (Robert Duvall, 1997) 
  • Central do Brasil (Walter Salles, 1998) 
  • Lutero (Eric Till, 2003) 
  • Amazing Grace (Michael Apted, 2007) – único que não foi lançado no Brasil 
  • Um homem sério (Joel and Ethan Coen, 2009) 
  • A árvore da vida (Terrence Malick, 2011)
Aproveite bastante e não deixe de me contar se gostou.

Com carinho
Vinicius

quinta-feira, 3 de maio de 2012

ONTEM UM GADITA SE ENCONTROU COM JESUS


Carlão era uma pessoa especial - quando chegava num lugar, todo mundo percebia, por causa do vozeirão e da gargalhada, que saia aos arrancos, como em golfadas. Sua alegria era quase infantil, na sua intensidade e despojamento. 
 
Gostava muito do Carlão e até dediquei um post neste blog para ele (ver dia 15/12/10). Ali falei das pessoas que acabam virando “anexos” de outras e, a partir daí, nos chamávamos mutuamente de “anexo”, como brincadeira entre nós. 


Outra coisa que nos unia era ter um blog. Quando lancei o meu, ele querendo se cadastrar como meu seguidor, acabou, por engano, criando um blog para si mesmo, o que me contou às gargalhadas. E lá foi Carlão, blogueiro inesperado, escrever textos para honra e glória de Deus.
 
Carlão se converteu não muitos anos atrás. Mas sua conversão foi daquelas exemplares: verdadeira, intensa e profunda. E sua vida mudou – largou velhos hábitos, criou novos, mais saudáveis, e passou a ter um grande ardor pela missão de pregar o Evangelho de Jesus Cristo. Tanto assim que se inscreveu no curso de Missões da Igreja Metodista, que estava por concluir. 

 
Em determinado momento da sua trajetória espiritual, Carlão fez o “Encontro com Deus” que é uma espécie de retiro, onde as pessoas vão para ter uma experiência verdadeira com Jesus – quem faz o Encontro recebe o rótulo de “gadita”, como se fosse um rito de passagem.
 

 E com o Carlão, o evento teve efeitos duradouros. Tanto assim que passou a se apresentar e assinar tudo que escrevia como “Carlão, Gadita do Senhor Jesus” - por isto o blog dele chama-se “Confissões de um Gadita”.
 

Lembro-me bem dele no último Encontro promovido pela nossa igreja, onde ambos trabalhamos. Ele chefiou a cozinha, pois entendia muito desse assunto. Com um pano enrolado na cabeça, com a palavra “gadita” bem visível, Carlão “reinou” entre panelas e temperos durante dois dias, com muita alegria por estar servindo ao Senhor Jesus.
 

Carlão estava reconstruindo sua vida. Casou-se em Fevereiro passado com a Pri, outra grande amiga  e mudou-se para Santos, onde começou um novo negócio.
 

Mas, ontem, inesperadamente, esses sonhos foram bruscamente interrompidos, pois teve um infarto fulminante. E todos – a mãe, os dois filhos, a Pri, o restante da família, os muitos amigos, nossa comunidade metodista e seu blog – ficamos para sempre órfãos da sua alegria e presença.


Hoje, quando for ajudar a enterrar o Carlão, vou com a certeza que ele já está junto a Deus. Afinal, o “querido Espírito Santo”, como o Carlão se referia ao Deus que habita em nós, transformou aquela vida totalmente. E, como a fé que salva é aquela que gera frutos (mudanças de vida), Carlão certamente está agora desfilando sua gargalhada perto de Jesus. Mas nosso mundo ficou menor e mais triste para sempre. 
 

Com carinho e muita saudade do Carlão, “Gadita do Senhor Jesus”,
Vinicius