sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

A INVERSÃO DE VALORES NA IGREJA CRISTÃ

É uma tremenda contradição a forma como os supermercados tratam seus clientes quando eles(as) chegam nos caixas para pagar. As pessoas que compraram menos têm filas rápidas e são liberadas logo, já aqueles que compraram bastante ficam muito tempo esperando. Ora, pelo que sei, a regra do comércio manda que quem compra muito deveria ter tratamento preferencial. Por que os supermercados usam uma lógica contrária ao bom senso?

E acabamos nos acostumando com essa inversão de valores - por exemplo, já questionei dezenas de caixas de supermercados sobre isso e todos(as) sempre me olham com cara espantada, pois nunca tinham pensado nessa questão.

O pior é que a igreja cristã também vem sendo contaminada por uma inversão de valores importante. Vejamos alguns exemplos:

O culto é para quem?
É comum, ao saírem de um culto, as pessoas comentarem o que vivenciarem. E é interessante observar que os comentários sempre versam sobre se a cerimônia realizada estava ou não de acordo com o gosto ou as necessidades dos(as) participantes.

Ora, o culto é, antes de tudo, uma cerimônia de adoração e louvor a Deus. Logo, por que as pessoas nunca perguntam ao final do culto se Deus se agradou do que foi feito ali?

A inversão de valores está no fato que o culto passou a ser dirigido para as pessoas, abandonando o foco maior em Deus. As igrejas pensam ser preciso entreter as pessoas para garantir sua frequência e usam todo tipo de recurso para poder competir com as fontes de lazer, como a Internet, a televisão, os shows, etc.

E as consequências desse erro são enormes: pastores deixam de abordar nas suas pregações temas impopulares como "pecado" e "inferno", há cultos que viram verdadeiros shows, cheios de efeitos visuais, e as "estrelas" do culto passam a ser os pregadores e o pessoal do louvor.  



Quem deve influenciar quem?
Existe uma permanente tensão entre a igreja cristã e a sociedade secular, disputando quem deve influenciar quem.

Não há dúvida que a igreja precisa sofrer alguma influência da sociedade. Por exemplo, quando eu era pequeno, as igrejas passaram a aceitar guitarras e baterias no louvor, para tornar a música mais adequada ao gosto dos jovens. E não vejo qualquer problema com isso. 

Mas a igreja cristã não pode mudar a ponto de desvirtuar o testemunho que precisa dar para o mundo. Mudar  apenas para não ter uma imagem antipática é uma inversão muito perigosa de valor. E vemos tal tipo de coisa acontecendo nas discussões de temas polêmicos como aborto, limites da honestidade, etc. A igreja acaba por flexibilizar suas posições apenas para "ficar bem na fita".

Jesus nos disse que deveríamos ser o “sal da terra”, ou seja precisamos transmitir "sabor" ao que está em torno. E isso somente acontecerá se lutarmos para que os ensinamentos cristãos modifiquem o comportamento da sociedade.

E muitos cristãos(ãs) fizeram exatamente isso ao longo da história. Por exemplo, Wilberforce levou a Inglaterra a abolir a escravidão, lutando contra forças econômicas muito poderosas; Madre Teresa de Calcutá influenciou mudanças nos direitos civis na Índia, enfrentando costumes milenares; e Wesley minimizou chagas sociais, como o alcoolismo e o abandono das crianças, contra a vontade do capitalismo selvagem da Inglaterra.

Quando a igreja permite que seu discurso seja adequado às necessidades da sociedade, é essa última que sai ganhando, pois passa a ditar a agenda. E nunca podemos nos esquecer que a sociedade tem muito mais recursos e sabe bem melhor como agradar as pessoas. 

Quem está a serviço de quem?
Algumas igrejas defendem a tese de que temos direitos perante Deus, por causa das promessas que Ele teria nos feito. E basta ter fé e reivindicar para se apossar desses direitos. E tome de prosperidade para todos, saúde garantida sem precisar tomar remédios, etc.

Esses direitos, do qual podemos nos apossar, acabam fazendo de Deus um servo nosso - reivindicamos e Ele atende. Mas, somos nós que precisamos ser servos fiéis d´Ele. Trata-se de uma perigosa inversão de valores.

Conclusão
Inversões, como as que comentei acima, e outras mais estão debilitando a igreja cristã. É isso que está acontecendo com as igrejas protestantes ditas liberais nos Estados Unidos, várias delas hoje reduzidas à uma fração, em número de membros, do que já foram.

Posturas "politicamente corretas", "práticas de marketing modernas", "administração focada em objetivos" e outras coisas desse tipo acabaram virando armadilhas para o cristianismo. Inverteram nossos valores. E geram prejuízos para o testemunho cristão, que é a razão de existir do cristianismo.

A igreja cristã somente executa seu papel quando incomoda, denuncia, enfrenta o que está errado, enfim quando mostra que existe um caminho diferente ao da sociedade. Quando não faz isso, a igreja torna-se irrelevante, ou como disse Jesus, torna-se sal insípido, que serve apenas para ser jogado fora.

Com carinho

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

E QUANDO A BÍBLIA CONTRARIA O BOM SENSO?

                "...não se ponha o sol sobre a vossa ira"
                Efésios capítulo 4, versículo 26


Acho que o versículo acima é bem conhecido – pelo menos é citado com frequência. Nele o apóstolo Paulo dá um valioso conselho: as pessoas não devem deixar passar muito tempo antes de tentar reconciliar as diferenças que as separam.

Mas isso contraria o senso comum. A sabedoria popular manda esperar primeiro as coisas serenarem - o tempo faria as pessoas ficarem mais flexíveis. Mas, segundo Paulo, isso é um erro. E nessa questão, portanto, a Bíblia contraria o senso comum. Quem está com a razão?

A Bíblia está certa e isso foi comprovado por estudo realizado quatro anos atrás, publicado pelo "Journal of Neuroscience". Nele foi analisado o comportamento de 106 homens e mulheres que foram dormir experimentando emoções negativas sobre determinada pessoa. E a conclusão foi que a passagem do tempo reforçou ou, pelo menos, preservou os sentimentos negativos. Ou seja, esperar para resolver as diferenças é ruim.

É claro que deixar a "cabeça esfriar" ajuda, pois ânimos exaltados impedem o pensamento claro. Agora, devemos aguardar apenas o tempo necessário para isso ocorrer. Só isso. Dormir com pensamentos ruins tende a piorar as coisas pois acaba cristalizando essas idéias. 

É exatamente por isso que temos dificuldade para dormir depois de ter uma experiência negativa com outra pessoa. De certa forma, é nossa natureza dizendo que isso não é o melhor caminho. Conclusão muito interessante.

Um comentário final: quando a Bíblia é confirmada, como nesse caso, a mídia não dá manchetes. Imagine o que teria acontecido se o estudo tivesse chegado à conclusão contrária! 

Com carinho 

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

A FÉ QUE "GRUDA"

 Ditado cristão                                                       Deus não tem netos. Somente filhos
Esse ditado é ouvido com frequência nas igrejas cristãs. Chama atenção para o fato que ninguém adquire garantias junto a Deus por ser filho(a) de cristãos leais. Afinal, a salvação é individual e cada um(a) precisa construiu seu relacionamento pessoal com Deus. Alerta para o fato que os pais precisam se preocupar com o que vai acontecer na vida espiritual dos(as) filhos(as).

Agora, existe uma percepção generalizada que os(as) jovens criados(as) na igreja têm caminho espiritual mais fácil. Têm maiores chances de construir uma boa relação com Deus. Mas será isso verdade? O que os pais podem fazer de fato para desenvolver nos(as) filhos(as) uma fé que "gruda”?

Uma pesquisa feita pelos cientistas sociais Clara Power e Chap Clark, incluída no livro “Sticky Faith” (literalmente “Fé que gruda”) responde exatamente essas perguntas. O estudo foi desenvolvido no Seminário Fuller, nos Estados Unidos, junto a adultos jovens, alguns anos atrás. Os pesquisadores buscaram analisar qual a melhor estratégia para levar os jovens até Jesus e para mantê-los nesse caminho. 

As conclusões obtidas foram muito interessantes. Comprovaram na prática que existe sim uma relação direta entre as práticas religiosas dos pais e a fé futura dos seus filhos. Vejamos alguns detalhes importantes:
  • Crianças e adolescentes cujos pais são cristãos verdadeiros têm probabilidade três a cinco vezes maior de também seguirem o cristianismo quando adultos. 
  • Essa probabilidade aumenta ainda mais se os pais fizerem devocionais no lar  junto com a família. 
  • Pais que são muito defensivos e fechados no tratamento das dúvidas que seus filhos(as) venham eventualmente levantar sobre a doutrina cristã, atrapalham o desenvolvimento espiritual deles(as) e podem até afastá-los(as) da fé cristã. A discussão franca das dúvidas cria nos(as) jovens uma fé mais sólida e capaz de enfrentar as dificuldades da vida. 
  • A maioria dos jovens que não mais se considera cristão(ã), embora criados(as) nessa fé, admite levar seus próprios filhos para participar de atividades nas igrejas, inclusive da Escola Bíblica, comprovando que a boa semente não morre - a Bíblia diz que a "palavra nunca volta vazia" (Isaías capítulo 55, versículo 11).
Esse estudo comprova que é possível sim ter uma fé que realmente “grude” nos(as) filhos(as). E forneceu conselhos interessantes para orientar os pais a como fazer isso. Tudo isso, acredito eu, deve ser motivo de incentivo para as pessoas que lutam continuamente para levarem seus filhos(as) à igreja, enfrentando todo tipo de dificuldade, tais como Escolas Bíblicas pouco efetivas, pressões contrárias da sociedade, concorrência de atividades de lazer mais atrativas, etc.  

Também apontam para a responsabilidade que os pais têm em relação à futura vida espiritual dos(as) filhos(as). É claro que a escolha desses(as) filhos(as) sempre será individual, mas os pais que investem na tarefa de encaminhar bem seus(suas) filhos(as) têm chance muito maior de obter sucesso. Afinal, a fé cristã realmente "gruda". E Graças a Deus por isso.

Com carinho 

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

POR QUE EXISTE O MAL NO MUNDO? 2ª parte

Na primeira parte desse estudo, postado dois dias atrás, apresentei o chamado “Problema do Mal”, que pode ser resumido assim: se Deus é bom e onipotente, por que permite a existência de mal no mundo? Se Ele não faz isso, é porque não é onipotente ou não é bom de verdade.

Apresentei ali a resposta básica do cristianismo: a essência do mal que existe no mundo se deve às escolhas erradas e livres feitas pelos próprios seres humanos, escolhas essas que geram injustiças, desigualdade social, corrupção, crime, poluição, etc. E a liberdade de escolher que os seres humanos têm é fruto do livre arbítrio que Deus lhes concedeu.

Mas essa explicação não cobre todo o mal existente no mundo, já que não contempla, por exemplo, os desastres naturais, os chamados “atos de Deus". Coisas como o tsunami que matou centenas de milhares de pessoas na Indonésia cerca de 10 anos atrás. E não é possível atribuir a origem desses terríveis eventos às escolhas erradas dos seres humanos. 

DEUS E OS DESASTRES NATURAIS
Mesmo nas catástrofes, parte do mal é causado por escolhas humanas erradas. Por exemplo, se as pessoas constroem casas em locais sujeitos a deslizamentos de terra, como na região serrana do Rio, e os governos nada fazem para impedir isso, quando as chuvas chegam e muitas pessoas morrem, é justo considerar Deus responsável? Poderia citar muitos outros exemplos, como as usinas nucleares construídas em regiões sujeitas a terremotos ou as cidades construídas ao pé de vulcões. 

Mas ainda assim há sofrimento gerado por esses desastres que não depende das escolhas das pessoas. Como explicar tal fato sem caracterizar que Deus é ruim ou não tem poder para impedir tais situações? 

Começo a fazer isso lembrando de uma das mais importantes forças da natureza: a gravidade. E ela que nos mantem "grudados" à superfície da Terra e sem ela não seria possível haver vida. Agora, essa mesma força irá causar a morte de uma pessoa que cai de certa altura. Seria Deus responsável pela morte dessa pessoa por ter criado a força da gravidade? Isso significa que Deus é mau?

Vamos olhar essa mesma questão de outra forma: seria possível para Deus ter criado um mundo viável sem contar a força da gravidade? Se isso fosse possível, seria razoável dizer que Deus não fez seu trabalho criador da melhor forma e assim teria responsabilidade pelas consequências negativas da força da gravidade. 

Agora, qual ser humano teria suficiente conhecimento e capacidade para "bolar" um mundo alternativo, onde não ocorressem problemas semelhantes aos causados pela gravidade? Nenhum, com certeza. 

Na verdade, penso que Deus fez o melhor mundo que poderia ser feito, mas isso não quer dizer que as forças necessárias para seu funcionamento estejam isentas de eventualmente gerar consequências negativas para as pessoas. 

Por exemplo, a superfície da terra é formada por enormes placas de rocha que flutuam sobre material derretido pelo calor (magma). Quando essas placas se roçam é criado o relevo (montanhas altas, vales, etc), que protege a superfície da terra da erosão. E é o relevo que permite o desenvolvimento da diversidade biológica, porque cria ecossistemas separados - por exemplo, sabe-se que a diversidade biológica da floresta amazônica se deve à formação da Cordilheira dos Andes. Esse processo também re-circula o CO2 (com ajuda dos vulcões) o que é fundamental para a vida. Agora, o mesmo roçar das placas tectônicas gera terremotos e tsunamis, com suas terríveis consequências. É uma situação semelhante à da força da gravidade.

E as forças necessárias ao funcionamento do mundo não podem ser "ligadas e desligadas" quando for conveniente. Até porque é preciso haver previsibilidade no funcionamento do mundo - imagine como seria acordar de manhã e perguntar, antes de sair de casa: será que a gravidade está "ligada" hoje? As forças vão funcionar sempre, tantos nos momentos em que são necessárias, como quando geram sofrimento humano e não há como evitar isso.

O que fica claro dessa discussão é não ser justo considerar Deus mau por causa desse tipo de situação. Na primeira parte do estudo, eu lembrei que a onipotência de Deus significa que Ele pode fazer tudo que é lógico. Não pode fazer o que é ilógico, por exemplo, se suicidar.

Em conclusão, Deus não pode criar um mundo previsível, onde as forças necessárias estejam em funcionamento e , ao mesmo tempo, impedir que as consequências dessa realidade se façam presentes. Isso não seria lógico. 

Desastres naturais continuarão a ocorrer e não há como evitar isso. A única coisa a fazer é alterar as escolhas humanas: construir com mais segurança, manter as pessoas longe dos locais de risco, criar sistemas de alertas para o perigo, etc. Quedas indesejadas podem ser evitadas colocando grades, guarda-corpos e redes de proteção. E assim por diante.

Mas ainda assim haverá sofrimento, não há como evitar isso. Mas não é justo acusar Deus por conta desse tipo de situação.

Há muitos outros temas relacionados com o Problema do Mal que eu ainda poderia discutir, por exemplo, o caso das crianças que nascem com defeitos genéticos. Mas a lista seria interminável. Por isso vou parar por aqui.

Acredito que esse estudo já mostrou como tais questões podem e devem ser tratadas e, mais ainda, que ficar culpando Deus pelo mal existente no mundo é uma abordagem simplista e até arrogante, de quem acha que sabe mais e melhor do que Deus.  

Com carinho

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

POR QUE EXISTE O MAL NO MUNDO? 1ª parte

O problema do mal
Provavelmente esse é o tema mais controvertido dentro do cristianismo é pode ser resumido da seguinte forma: se Deus é Bom e Onipotente por que permite a existência do mal? Uma outra forma comum de apresentar a mesma questão é: por que pessoas boas e/ou inocentes sofrem?   

Essa questão é muito usada pelos ateus para atacar o cristianismo. E também gera muito desconforto para os próprios cristãos, quando notam algum tipo de sofrimento que parece injusto. 

Não é fácil dar uma resposta simples ao problema do mal. Mas, isto não quer dizer que devemos fugir dessa questão pois ela é parte importante do "desafio de ser cristão". Então, vamos enfrentar essa questão. 

O argumento contra o cristianismo
Quem ataca o cristianismo argumenta que a existência do mal somente pode ser explicada por uma das três seguintes alternativas:
  • Deus não existe. 
  • Ele não tem poder para impedir que o mal ocorra (não é onipotente). 
  • Deus pode mas não quer eliminar o mal (não é bom).
Se qualquer uma dessas alternativas fosse verdadeira, o estrago para a fé cristã seria terrível. Mas felizmente esse raciocínio é errado. Há outra alternativa para explicar a existência do mal. E ela é simples: Deus pode ter uma boa razão para permitir que o mal exista. 

A razão 
O livre-arbítrio é a liberdade que o ser humano tem para fazer suas próprias escolhas, mesmo que elas não agradem a Deus. E Ele não pode dar o livre-arbítrio para o ser humano e ao mesmo tempo pré-programar as escolhas que o ser humano faz. Isso não teria lógica e não pode ser feito. 

Pode parecer estranho dizer que Deus não pode fazer determinada coisa. Afinal, Ele não é onipotente? Na verdade, tal atributo quer dizer que Deus pode fazer qualquer coisa lógica. E vou dar dois exemplos de coisas que Deus não pode fazer por não serem lógicas. 

Ele não pode se suicidar pois é um Ser eterno, não tem início (nascimento) ou fim (morte). Deus também não pode criar uma pedra que Ele mesmo não possa levantar por ser pesada demais. 

Agora, é importante lembrar que Deus conserva o poder (capacidade)  para acabar com o livre-arbítrio e passar a pré-programar o ser humano, se assim decidisse. O livre-arbítrio é uma concessão d´Ele ao ser humano e não afeta sua onipotência.

Portanto, é por causa do pecado livremente praticado pelo ser humano que o mal existe. Mas os responsáveis por esse mal são os próprios seres humanos por conta das suas escolhas. Deus não tem qualquer responsabilidade. 

Nesse ponto, é preciso discutir outra questão importante: por que Deus deu o livre-arbítrio para o ser humanoA resposta é simples: Ele quer ser amado voluntariamente porque somente o amor livre e voluntário tem valor. 

Para comprovar isso, basta que você pense como gosta de ser amado pelas demais pessoas: de forma livre ou por obrigação? Acredito que prefira ser amado de forma voluntária. E Deus também. 

E para que o amor seja livre o ser humano precisa ter o direito de escolha, o livre-arbítrio. Concluindo, o livre-arbítrio é uma necessidade lógica do desejo de Deus de ser amado livremente.  

E o resto?
Já expliquei, acredito, a maior parte do sofrimento humano, ou seja aquele causado pelas próprias pessoas devido às suas escolhas erradas, fruto do egoismo, inveja, ciúme, etc. 

Mas, essa argumentação não contempla todas as situações em que o mal aparece. Por exemplo, como explicar o mal causado pelos desastres naturais (terremotos, furacões, tsunamis, etc) que não depende das escolhas humanas? 

As respostas para essa e outras questões importantes serão discutidas na continuação deste post, a ser publicada daqui há dois dias. 


Com carinho

domingo, 15 de fevereiro de 2015

SENDO USADO POR DEUS

  Como um farol que brilha à noite                           Como ponte sobre as águas                                 Como abrigo no deserto                                     Como flecha que acerta o alvo                               Eu quero ser usado da maneira que te agrade       Aline Barros 
Os versos acima são da música "Sonda-me, usa-me", da qual gosto muito. Ela fala sobre alguém que pede a Deus para ser usado(a) por Ele, dando um novo sentido à sua vida.  

O pedaço da letra acima fala sobre como aquela pessoa gostaria de ser usada por Deus através de quatro lindas metáforas. A primeira é a de um "farol que brilha ao longe", indicando o caminho para aqueles que viajam no mar à noite. E foi o próprio Jesus que disse que seus seguidores deveriam ser "luz para o mundo" e que sua luz não poderia ficar escondida (Mateus capítulo 5, versículos 14 e 15).

A luz é importante porque afasta as trevas que, na linguagem bíblica, representam o domínio de Satanás. Jesus disse que seus seguidores, através de seus atos neste mundo devem contribuir para afastar o Mal e ajudar as pessoas a seguirem por caminhos seguros. 

A segunda metáfora é a de uma "ponte sobre as águas". O conceito de águas na Bíblia significa o mundo e seus grandes problemas. Essa mesma imagem foi usada no Apocalipse, quando a Besta (o Anticristo) emerge das águas do mar (capítulo 13, versículo 1). 

Ser "ponte sobre as águas" significa, portanto, ajudar as pessoas a superarem os problemas deste mundo, indo com segurança de uma "margem" para outra. 

O deserto, na Bíblia, é o lugar de dificuldade, onde as intenções reais das pessoas são testadas. Jesus passou 40 dias no deserto antes de começar seu ministério, quando inclusive Ele foi tentado por Satanás (Mateus capítulo 4, versículo 1). 

Ora, quem é "abrigo no deserto" ajuda as pessoas em momento de grande aflição, tanto através de ajuda material (comida, bebida, abrigo, roupas, etc), como espiritual (consolo, ensinamento, oração, etc). 

Jesus nos chamou para amar o próximo como a nós mesmos e isso significa ser "abrigo no deserto" para quem precisa muio de ajuda.

A "flecha que acerta o alvo" cumpre sua função. Em termos espirituais, trata-se da pessoa que obtém os resultados que Deus esperava dela, para os quais chamou-a.

Essas linhas de letra terminam com uma declaração muito importante: "quero ser usado(a) da maneira que te agrade". A pessoa pediu que Deus a use como Ele desejar - pode ser das quatro formas descritas antes, ou de qualquer outra. Mas o importante é que essa participação na obra ocorra sempre segundo a vontade de Deus. 

A frase faz eco com o que Jesus disse no jardim das Oliveiras, pouco antes de ser preso (Mateus capítulo 26, versículo 39): "Pai, se é possível, passe de mim este cálice, todavia, não seja como eu quero, mas sim como tu queres". 

Essa é a chave de tudo.

Com carinho

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

EVITANDO A DISCRIMINAÇÃO

O hábito de discriminar - por raça, gênero, condição social, etc - é difícil de identificar e controlar. Bem mais do que parece à primeira vista. Muitas vezes a pessoa pensa estar fazendo tudo certo, agindo como cristã, e ainda assim, sem nem perceber, contribui para perpetuar a discriminação.

Por exemplo, há palavras e brincadeiras que parecem inocentes e inofensivas mas que discriminam. Vejamos alguns exemplos;
  • O verbo "judiar" tem sua origem na palavra "judeu". Ela nasceu do conceito que os judeus (como povo) maltrataram Jesus - na verdade foram as autoridades judaicas que fizeram isso. Por causa disso, os judeus sempre foram injustamente discriminados e sofreram muito ao longo da história. O verbo "judiar" é parte do processo de associar os judeus a coisas ruins.
  • A “loura burra” representa a mulher fútil, que somente pensa na sua aparência e diz as maiores besteiras. É claro que há mulheres assim, mas também há homens que se comportam igual. Por que não existe então o "louro burro"? Simples, por puro machismo. 
  • A frase “quando preto não faz besteira na entrada faz na saída...” parece ser uma brincadeira inocente mas é fruto da discriminação racial.
  • Já ouvi pessoas da classe média dizerem que os miseráveis são assim porque querem” ou que "são pobres mas são felizes". Ora, ninguém gosta de ser miserável e quase sempre os miseráveis nem têm culpa de sua condição. Tal tipo de pensamento é discriminação social, pura e simples.
  • A expressão "boa aparência" em alguns anúncios de oferta de emprego costuma ser equivalente a "de cor branca", sendo uma expressão racista.  
Sem perceber as pessoas vão reproduzindo diariamente os comportamentos discriminatórios. E como esse problema não é percebido, ele não é corrigido. 

A discriminação também está presente nas comunidades cristãs, embora de forma mais disfarçada. E muitas vezes a Bíblia é usada para justificar tal tipo de comportamento - o exemplo histórico é a defesa da escravidão. Mas ainda hoje, em muitas igrejas, mulheres são impedidas de serem sacerdotes (pastores ou padres) e nunca ocupam os postos de maior importância. É reservado às pessoas de condição socioeconômica mais baixa as tarefas mais simples - como servir mesas, limpar ou carregar objetos pesados. Já vi isso acontecer muitas vezes.  

O ensinamento de Jesus é muito claro: ninguém deve ser discriminado por raça, gênero, condição social ou mesmo por ser pecador(a). E Ele sempre deu exemplo de comportamento inclusivo:
  • Salvou a mulher adúltera da morte certa por apedrejamento – ela não adulterou sozinha, é claro, mas o adúltero nunca correu qualquer risco, pois o ônus desse tipo de ato quase sempre caía apenas sobre a mulher.
  • Curou leprosos, pessoas tão discriminadas que eram condenados a viver isolados da sociedade. 
  • Interagiu com prostitutas e coletores de impostos, pessoas consideradas pecadoras e, portanto, impuras, a quem todos deviam evitar.
  • Lidou normalmente com os gentios (não judeus), o que contrariava as regras sociais da época. 
Jesus veio para todos, rigorosamente todos. E seus atos provaram isso. E somos desafiados a agir exatamente assim. Portanto, não podemos conviver ou apoiar atitudes de discriminação de qualquer espécie. Não cair na armadilha de achar que tudo está normal quando alguma discriminação estiver acontecendo. 

Com carinho